sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

APRESENTAÇÃO

Um dos objetivos da construção e manutenção deste espaço é antecipar alguns tópicos de um texto que estou escrevendo, e que poderá vir a ser publicado como livro, que relata “Um Percurso no Cinema e nas Histórias em Quadrinhos”, resultado de minha curtição, estudos e publicações sobre a Sétima Arte e a Nona, e que vem desde o final da década de 1940, a curtição, claro. Isto mesmo, desde a metade do século XX.

Nesta trajetória está toda a minha educação familiar e formal, em colégio, na Faculdade de Engenharia, como engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem do Pará (DERPA), e como professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), incluindo o tempo de realização do mestrado na Pontifícia Universidade Católica Rio de Janeiro (PUC-RJ). Em todas essas atividades nunca deixei de ir ao cinema e nem de ler histórias em quadrinhos, regularmente e, às vezes, frequentemente.

Empolgado com as aventuras dos heróis dos quadrinhos no final da década de 1940, alguns deles levados ao cinema pelos seriados, assistidos nas vesperais-passatempos do cinema Olympia, aos poucos o puro interesse pela diversão descompromissada foi abrindo caminho para o estudo como artes e meios de expressão e comunicação, expandindo-se na diversidade dos aspectos envolvidos do ponto de vista das linguagens, o formal, e a variedade dos conteúdos.

Das restrições de educadores ao apoio explícito a sessões de cinema no colégio com apresentações e debates, chegamos, na segunda metade da década de 1950 à criação do Cine Clube Juventude (CCJ) e em 1959 às publicações de crônicas e comentários em jornais, de responsabilidade da Equipe CCJ. De 5 de junho de 1959 a 7 de junho de 1964 tive uma produção regular em vários jornais de Belém, já tendo no cinema e nas histórias em quadrinhos uma trajetória integrada às minhas atividades acadêmicas e técnicas. Assim, ao escrever os primeiros comentários sobre cinema como componente da Equipe CCJ, em 1959, eu era estudante da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Pará.

Por ser da área tecnológica, alguns colegas chegaram a questionar por que eu, aluno de engenharia, escrevia sobre cinema, uma atividade que eles consideravam própria da área de ciências humanas. Em 1963, já então formado e como engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem do Pará (DERPA), apesar de não ser questionado diretamente por escrever sobre cinema, havia quem avaliasse negativamente a crítica, de um modo geral, por ser extremamente hermética e apreciar obras que a maioria do público não entendia. Claro que tal observação era feita como gozação, aliás, maneira bem própria de nós engenheiros que trabalhavam na estrada.

Quando fui fazer o curso de mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), mantive minha frequência ao cinema, tendo tido a sorte de morar no Posto 6, em Copacabana, onde havia o Cinema Asteca, que exibia filmes de qualidade artística reconhecida; por exemplo, assisti lá “Alexandre Nevsky” e “Deserto Rosso”, para citar apenas dois. Eu acompanhava a programação de cinema da cidade, sobretudo as exibições em cinemas de Copacabana. Bastava eu descer do pequeno apartamento onde morava e, andando, podia alcançar vários cinemas; e ainda frequentava sessões especiais na PUC. Eu tinha uma cadernetinha onde anotava os filmes que assistia; infelizmente eu a perdi, ou está escondida em um dos inúmeros escaninhos (na verdade esconderijos) do meu arquivo de papel, um constante aborrecimento porque minha mulher acha que entulho a casa com tanto material velho. Enfim, vou sobrevivendo...Ah, foi durante essa minha estada no Rio que li “Cem Anos de Solidão”, o mais marcante e também “Servidão Humana”: impressionantes.

Voltei para Belém em 1973 e continuei saboreando e estudando cinema e histórias em quadrinhos. Na década de 1980, quando eu trabalhava como professor no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA a Luzia Miranda Álvares, que fazia especialização/mestrado/doutorado no Núcleo, convidou-me para colaborar na coluna “Panorama” que ela mantinha, e até hoje mantém, em “O Liberal”. Foi uma satisfação muito grande voltar a escrever sobre cinema.

Um fato significativo ocorreu logo no início; acho que foi no primeiro comentário que ela pediu que eu escrevesse. Estreava no Cinema Palácio “Superman – o Filme”. Fui assisti-lo para cumprir a tarefa e surgiu um imprevisto: a cópia era dublada e quase não ouvi nada. Solução: escrever sobre o Super-Homem como personagem de histórias em quadrinhos. Assim, além de comentar filmes, passei a escrever, aos domingos, um texto enfocando personagens das histórias em quadrinhos. Durante algum tempo, enquanto a Luzia tinha espaço disponível, colaborei nos dois temas.

Em função dessa participação na coluna da Luzia, o Pedro Veriano inseriu-me no quadro de cotações da coluna que ele produzia em “A Província do Pará” e voltei, a convite dele, a participar da escolha dos melhores do ano da Associação Paraense de Críticos Cinematográficos. Agora, como vice-presidente da ACCPA, tenho, ainda, mais motivos para continuar me dedicando ao cinema, sem deixar as histórias em quadrinhos.

Nos atuais programas de exibições da ACCPA tenho participado ativamente dos debates e já fiz a apresentação de dois filmes, “Milagre em Milão” e “Tempos Modernos”; aliás, por conta do filme de Chaplin Modern Times é que titulei este espaço. Com esta divulgação espero estar contribuindo para a divulgação e estudo do cinema e das histórias em quadrinhos.

Um comentário:

  1. Salve Arnaldo,

    Seja benvindo a blogesfera.
    Vou ser um frequentador.
    Abçs.
    Carlos Amorim

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